
COROA INEXISTENTE
~ Naulyla
Eu não tenho uma coroa...
Ou melhor, não tenho uma coroa que contenha o meu ser dentro dela, uma coroa que me represente.
Isso porque: Se nem eu mesma me entendo como é que é suposto que os outros o façam?
Como é que é suposto a minha coroa me representar?
Uma vez que a cada dia que passa eu sinto-me mais ausente, mais fora de mim mesma, cada vez mais corrompida por sentimentos que atrapalham a minha mente.
Mas... Talvez seja nisso que a minha essência se baseie.
Talvez eu seja esse aglomerado de emoções e paixões.
Talvez eu seja essa confusão mirabolante de pensamentos e sensações.
Talvez eu seja essa jovem rapariga que quando acorda não sabe se lamenta ou se agradece por ter acordado, pois não tem noção se a sua vida realmente merecia ter continuado.
É controverso eu não saber se sou digna ou não de outro dia, mas é nisso que se resume a minha existência, em sorrisos vividos e gemidos de dor, em momentos de puro ódio e do mais inocente amor.
É essa exótica mistura que me torna em mim mesma.
É essa a minha confusa essência, o meu constante dilema.
Então talvez eu tenha uma coroa, uma que me impeça de perder a cabeça e de me deixar corromper pela melancolia, e talvez a mesma seja a coroa da confusão, pois cada problema, dúvida ou incerteza faz parte de mim.
E embora seja a coroa mais simples de todas, eu tenho quase a certeza de que mais ninguém tem uma coroa assim.